quarta-feira, 13 de abril de 2011
Os Indios no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, estão presentes três etnias: os Guarani (Mbyá e Ñandeva), os Kaingang e os Charrua. Estima-se uma população no Brasil de cerca de 65 mil Guarani, 33 mil Kaingang (FUNASA, 2005) e 676 Charrua (INAI, 2004).
Nas regiões sul e sudeste do Brasil (do estado do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo) encontram-se cerca de 100 áreas ocupadas pelos Guarani. Na faixa litorânea desses estados estão cerca de 60 aldeias, das quais somente 16 tiveram áreas demarcadas e homologadas pela Presidência da República.
mportante Projeto de Lei tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre (4079/2007), atendendo às expectativas e reivindicações de diversos atores e agentes na área ambiental, a fim de instituir o Sistema Municipal de Unidades de Conservação da Natureza de Porto Alegre (SMUC). Sem dúvida, é fundamental garantirmos a proteção da biodiversidade em áreas mais extensas e em risco de ocupação e especulação cada vez maior. Mas é também possível planejar e garantir, nessas mesmas áreas de conservação (a exemplo do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação) o manejo sustentável realizado há décadas por comunidades indígenas que não impactam o ambiente de forma negativa, como o fazem os guarani residentes na aldeia da Lomba do Pinheiro, quando coletam ou caçam no Morro São Pedro, com profundo respeito à natureza.
Os gaúchos precisam reconhecer que esse mesmo guarani aqui estava antes da construção das cidades, da criação das fronteiras; que estradas, rodovias foram construídas a partir de suas trilhas; que sua língua deu nome a localidades, cidades, rios, lagos (como o próprio Guaíba), influenciando e construindo nossa história, nossos costumes, como o próprio chimarrão, o nosso “tchê”...
É preciso entender que as tradições e rituais desses povos estão diretamente relacionados aos ciclos ecológicos que determinam os ciclos produtivos. A dimensão social (e solidária) das economias indígenas considera as necessidades biológicas e materiais como bens não apenas de consumo, mas como necessidades espirituais e morais. Toda atividade econômica tem como função final garantir o bem-estar da coletividade. A abundância é sempre festejada, pois consideram que a abundância permite viver com intensidade a generosidade, a partilha, a solidariedade, a hospitalidade, o espírito comunitário e a reciprocidade.
As comunidades indígenas dependem dos recursos naturais para viverem de acordo com suas tradições e por isso manejam o ambiente respeitando sua capacidade produtiva. Em função disso, ao longo dos séculos e milhares de anos desenvolveram e aperfeiçoaram técnicas cada vez mais sustentáveis e um conhecimento singular de princípios ativos da flora e de comportamentos da fauna que precisamos reconhecer e os quais a ciência vem sistematizando, e as empresas incorporando, muitas vezes sem uma repartição
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